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VERSOS ÍNTIMOS (Augusto dos Anjos)
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Sem dúvida esse poema desse grande poeta paraibano é um exemplo de vida. O ser humano é abandonado pelos amigos, na hora que mais necessita. A falta de fraternidade entre as pessoas desperta a angústia, o nojo e a revolta do eu-poético. A revolta contra os homens faz com que ele aja como a fera que vive dentro dos homens e dentro dele mesmo. Na última estrofe do poema o eu-poético deixa claro que não é só com compaixão que devemos ajudar a alguém que se encontra abandonado.
Dedico esse poema a todos que acompanham esse blog e, em especial, aos meus ex-alunos que, certamente, hão de lembrar que esse era dos meus poemas preferidos nas aulas de Literatura.
Um abraço a todos. Alcides Martins de Medeiros.
Category:
Coluna Alcides Martins
Com certeza Alcides, sempre que leio esse poema lembro-me das suas ótimas aulas e, através dos seus conselhos na escola, aprendi o quanto a literatura é importante para o nosso desenvolvimento e aprendizado .
ResponderExcluirParabéns pela coluna e um grande abraço, Jéferson.