Cuité-PB - NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Secretaria Municipal de Saúde
de Cuité em resposta a matéria publicada no Blog Cuitépbonline, sob o título
”REPÚDIO-Obstetra do ISEA denuncia que o
bebe cuiteense morreu por falta de atendimento em Hospital Municipal de Cuité”,
vem esclarecer os fatos acerca do episódio veiculado, inicialmente
publicando a manifestação do Drº Alisson Salvador, CRM 8810, médico da USA-37,
que presta serviço no SAMU de Cuité
conforme segue abaixo:
(não irei
me recordar precisamente dos horários, mas acredito que todos eles ficaram bem
registrados no SAMU)
Ontem
pela manhã a USA-37, composta por mim, enfermeira Jackelline e
condutor-socorrista Umissias, foi acionada para responder a uma ocorrência
informada como "gestante perdendo sangue". Comparecemos rapidamente
ao endereço indicado, onde encontramos a paciente em sua cama, sobre lençóis
sujos por quantidade moderada de sangue vermelho vivo, ou seja de proveniência
arterial. Fechamos a porta e foi feita a inspeção da vulva, que constatou que o
sangramento encontrava-se naquele momento estancado. Solicitamos à paciente
para vestir-se, e pegamos com a família todos os documentos e exames
pertencentes ao pré-natal da paciente. Quando ela levantou-se para comparecer à
maca, um novo sangramento desceu; quantidade moderada de sangramento vermelho
vivo com coágulos.
Algumas
mulheres presenciaram na casa, fora do quarto. A mãe, obviamente preocupada,
perguntou a mim: "E agora, Dr.?" - E eu respondi enfaticamente com as
palavras: "Cesariana. Agora." Foi-me dito pela equipe que o hospital
encontrava-se sem o anestesiologista, devido ao feriadão. Porém que no hospital
encontrava-se de plantão o Dr.Henriques, que se não me falha a memória é
obstetra de formação. Informei a família que a paciente seguiria para Picuí ou
Campina Grande para realização de cesariana de urgência, ou seja, a conduta
para aquela patologia. E este ponto é importante, porque ao contrário do que
diz a médica campinense, eu, médico, vi, avaliei a paciente, estabeleci o
diagnóstico correto e a conduta correta ali mesmo na residência. E ela coloca
como se a paciente tivesse sido negligenciada por não ter sido vista pela
médica. E que "se tivesse sido vista pela médica a situação seria
diferente", o que não seria.
Seguimos
ao Hospital Municipal de Cuité apenas para o Dr.Henriques dar o seu parecer, e
para eu regular a paciente e seguirmos viagem para a cidade a ser especificada
pela regulação. Ao descer no hospital, soube que o médico plantonista não era
Henriques, e sim a Dra.Germínia, que estava em sua sala, em atendimento. Como
eu já sabia que um parecer da Dra. Germínia NÃO alteraria o prognóstico da paciente,
pois a única coisa capaz de alterar o prognóstico seria a própria resolução da
gestação através da realização da cesariana em bloco cirúrgico em caráter de
urgência, apenas passei o caso para ela e avisei que seguiríamos viagem
rapidamente. Perguntei a Dra. se havia equipe disponível em Picuí. Ela
respondeu-me que Picuí encontrava-se na mesma situação de Cuité, sem
anestesiologista, e que ela já teria entrado em contato com o hospital de Picuí
naquela manhã mesmo, ao tentar encaminhar outras duas gestantes
não-complicadas.
Acionei a
regulação-Campina Grande do SAMU e passei o caso. Informei que Cuité e Picuí
estavam sem equipe preparada para a realização do procedimento cirúrgico, e foi
então sugerido o encaminhamento às pressas para o ISEA. Preparamos as coisas e
seguimos viagem. Alguns minutos foram perdidos ao esperar um familiar trazer as
coisas do bebê de moto, mas seguimos viagem.
Após a
descida da ladeira, saindo de Cuité, recebo ligação da regulação-Cg afirmando
que havia outra ocorrência de USA, e que minha paciente era para ser entregue à
USB-Barra de Santa Rosa, que se encarregaria de fazer a remoção para o ISEA,
enquanto eu iria responder a uma ocorrência que naquele momento parecia ainda
mais urgente: provável TCE em recém-nascido (RN) com provável parada
cardiorrespiratória. Estranhei muito a mudança drástica de eventos, mas acatei
a decisão da regulação. Alguns minutos mais tarde, novo contato com a regulação
me informava que a equipe da Básica em Barra de Santa Rosa encontrava-se já fazendo
reanimação cardiorrespiratória da vítima, o que é talvez a mais grave das
situações em Emergência. Encontrava-se ao lado dos Correios e estávamos para
fazer a permuta de pacientes ali.
Chegamos
ao local. Apressei-me com o material de reanimação e suporte avançado até o
recém-nascido, que encontrava-se dentro de um pronto-socorro. O RN havia
respondido à reanimação inicial, e encontrava-se com choro fraco, hipoativo, e
com respiração dificultosa. Era um RN sexo feminino de 02 meses de idade. Fomos
informados que o RN foi encontrado cianótico e entrando em falência
respiratória, após pedido de socorro feito pela vizinha da mãe, que tomava
conta do bebê. A mãe é portadora de necessidade de cuidados especiais do ponto
de vista neurológico/psiquiátrico, e havia deixado o bebê aos cuidados da
vizinha, que não estava presente. Ninguém sabia informar o que teria acontecido
ao bebê! O que deixou nossa equipe e a deles manejando o paciente às cegas.
Informei a equipe da Básica para ir para fora pegar a gestante e levar
imediatamente ao ISEA.
Seguimos
viagem com a RN em insuficiência respiratória, que evoluiu bem durante o
percurso e foi entregue com vida aos cuidados do Hospital do Trauma - Cg.
A meu
ver, a médica cometeu vários erros em seu repúdio:
1. O DE
DAR A IMPRESSÃO DE NEGLIGÊNCIA: a paciente foi avaliada por mim. Diagnosticada.
E teve a conduta para a patologia estabelecida corretamente.
2. O DE
DAR A IMPRESSÃO DE QUE A AVALIAÇÃO DA MÉDICA PLANTONISTA ALTERARIA O DESFECHO:
não alteraria. Um, dez ou cem médicos poderiam gastar tempo avaliando,
examinando, solicitando parecer; MAS A ÚNICA COISA CAPAZ DE ALTERAR O DESFECHO
ERA A REALIZAÇÃO DA CESARIANA DE URGÊNCIA EM BLOCO CIRÚRGICO; e esse importante
detalhe não é deixado suficientemente claro na postagem. A médica campinese
parece acreditar que qualquer médico, sob qualquer estrutura, poderia realizar
o procedimento cirúrgico em bloco como eles fizeram. Dra.Germínia não poderia
fazê-lo.
3. O DE
ASSUMIR QUE NÃO SABIA DIREITO O QUE HAVIA ACONTECIDO: com suas próprias
palavras. Principalmente na questão da troca de ambulâncias. E mesmo assim
emitir juízo de valor e julgar o serviço, apontando precipitadamente culpados.
4. O DE
SUBESTIMAR O MÉDICO DA UNIDADE AVANÇADA: que avaliou, diagnosticou e traçou a
conduta cirúrgica para a paciente.
5. O DE
APROVEITAR-SE DO FATO DE O ISEA ESTAR SENDO INVESTIGADO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO: para transferir a responsabilidade para um caso pontual, do qual ela
não conhecia a totalidade da sucessão de fatos.
O que
poderia de fato ter salvo a vida do bebê?
PRESENÇA
DE ANESTESIOLOGISTA + CIRURGIÃO OBSTETRA EM CUITÉ E/OU PICUÍ.
Eu ou a
Dra.Germínia abrir a paciente sem indução anestésica e sem qualificação
obstétrica para retirar a criança que encontrava-se em sofrimento isquêmico
está totalmente fora de questão. Seria imprudente, anti-ético e colocaria em
risco vida de mãe e filho.
Ainda, o
Descolamento Prematuro de Placenta, que causou originalmente o sangramento,
pode ter evolução bastante dramática. De forma que mesmo se não tivesse
existido a troca de ambulâncias, o prognóstico do bebê já era muito sombrio
devido as duas horas (no mínimo) desde o início do sangramento até a realização
do procedimento no ISEA. Conheço casos de gestantes que sangraram em período
avançado da gestação da mesma forma, e que RESIDIAM EM JOÃO PESSOA OU CAMPINA
GRANDE, entretanto que mesmo assim não deu tempo para salvar a criança.
Foram
duas ocorrências graves simultâneas para a mesma USA, em um feriadão, com
carência de equipe qualificada para indução anestésica + operação cesariana nas
proximidades. A meu ver, não havia nada que pudéssemos ter feito para alterar o
desfecho. Falha no suprimento de oxigênio através da placenta pode levar o feto
a óbito em questão de minutos.
Por hora,
mais nada a acrescentar.
Dr.
Alisson Salvador - CRM 8810. Médico da USA-37 em 21/04/2014
Portanto,
estando esclarecido que houve atendimento a paciente, bem como que não tinha
alternativa a não ser o procedimento cirúrgico (cesariana), o que foi determinado
de imediato pelo médico que atendeu a ocorrência, inclusive com o
encaminhamento para a unidade Hospitalar recomendada para os casos dessa
natureza (ISEA), não há o que se falar em ausência de atendimento muito menos negligencia.
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MEU DEUS, ATÉ ISO QUEREM REVERTER... PORQUE NÃO FALAM QUEM ESTAVA DE PLANTÃO E ENCAMINHOU A GRÁVIDA À CAMPINA? A DRA QUE NÃO FAZ PARTO...
ResponderExcluirVC'S DA SECRETARIA DE SAÚDE SÃO RIDÍCULOS. TRITE CONVIVER COM VC'S DIARIAMENTE... MAS VOU SAIR DESSA SUJEIRADA
Isso é um absurdo, um hospital que tem um médico de plantão e não tem anestesiologista, por isso não faz o parto. Ficam gritando aos quatro ventos que Cuité tem o melhor centro de atendimento à mulher. Quem é cuiteense e conhece a história dos grandes médicos que administraram o município (Antonio Medeiros e Jaime Pereira), sabe quanto era suas responsabilidades e sua preocupações com a saúde da população. Não baixar a cabeça e reconhecer o erro, é o pior erro de todos, por que continua achando que estar certo. Esse é o grande defeito da administração atual de Cuité, principalmente da Sec. de saúde. Esse tipo de ação é considerado com Arrogância e Prepotência, que não deve ser marco de administração pública.
ResponderExcluirNão querem assumir a irresponsabilidade do fato, e sim arrumar um culpado isso e que são guerreiros ...
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