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Dilma perdida como cego em tiroteio

Cuité Pb online | 11:45 | 0 Comentários

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Acuada pelas manifestações, a presidente da República resolveu falar à nação. Ato contínuo, reuniu governadores e prefeitos para tratar da crise, num gesto que soou uma tentativa de compartilhar responsabilidades. Entretanto, ignorou uma discussão que as outras esferas têm como urgente: a revisão do pacto federativo.
De 1988 para cá, ano em que foi promulgada a atual Constituição Federal, a concentração de receitas nos cofres do governo federal se agigantou, enquanto que estados e municípios perderam boa parte do bolo a que tinha direito, além de verem aumentar suas tarefas na oferta de serviços públicos.
Dividir com prefeitos e governadores o ônus das inquietações externadas Brasil afora sem igualmente discutir a concentração de recursos financeiros pela União é o mesmo que acordar e não abrir os olhos. Afinal, a grande queixa é relacionada aos serviços públicos, que só poderão melhorar com mais engajamento das três esferas de poder e melhor distribuição dos tributos entre elas.
Ainda nesse encontro, Dilma Rousseff defendeu uma constituinte exclusiva sobre reforma política, pauta importante, mas que não ocupou grandes espaços nas manifestações. Alertada e contestada, a petista recuou. Se manteve firme na defesa de plebiscito, mas viu que a constituinte não era necessária.
Agora, o vice-presidente Michel Temer vai ao Congresso e sai de lá dizendo que os líderes governistas não veem possibilidade temporal de se realizar o plebiscito, deputados e senadores aprovarem as novas regras políticas e elas vigorarem nas eleições 2014.
Durou pouco. A presidente, ao que parece, não gostou e se manteve inabalável. Logo, seu vice foi a público reparar o que dissera e reafirmar o propósito do governo de ver a reforma política vigente nas próximas eleições.
No Congresso, PMDB, PSB, PR e PP discordam da ideia de Dilma abertamente, e até no PT há resistências. Todos reconhecem que não há tempo de se aprovar a reforma para valer em 2014, sem se falar no custo de R$ 500 milhões para realizar o plebiscito, exatamente no momento em que a população questiona os gastos exacerbados com a Copa do Mundo.
Está claro que a presidente navega à deriva, perdida como um cego atordoado no meio de um tiroteio. O governo dá uma mancada em cima da outra e não consegue acertar. É uma sucessão de trapalhadas.
Isso explica, de algum modo, o porquê de um governo bem avaliado, de repente, ser alvo de tamanhos protestos e ver sua popularidade ruir como um castelo de areia.

Célio Alves

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