COLUNA TÁRCIO PESSOA
Por Tárcio Handel Pessoa
Pascoa!
A celebração da força do renascimento, da apoteose da vida sobre a morte.
A
Pascoa fecha com alegria uma semana dedicada a reflexão sobre a existência
terrena, sobre o sofrimento e paixão daquele que sacrificou a sua vida por toda
a humanidade.
De
quem veio a terra e aqui viveu e sofreu como um humano, para demonstrar que a
maior de todas as forças, é a força do Amor.
O
Amor que fez o Criador mandar a terra o seu filho para que aqui vivesse como um
de nós, o Amor que fez do padecimento de Cristo a maior das lições por ele
deixada, o Amor que o fez ungir aos Céus pelo bem de toda uma civilização.
Essa
história foi vivida por Cristo a mais de dois mil anos, e a cada ano, todos os
Cristão passam a refletir sobre o Seu sofrimento e o Seu sacrifício e sobre a Sua
ressureição.
Em
dois mil anos o mundo mudou e sofreu uma profunda transformação, as pessoas
modificaram suas formas de ver e sentir o mundo, conceitos e civilizações foram
erguidas e ruíram, impérios ascenderam e caíram, doutrinas e dogmas cresceram e
se fortaleceram como muralhas e foram posteriormente varridas como poeira ao
vento.
No
entanto, no cerne de tudo, prevaleceu a essência do Amor de Cristo como o
sentido principal e a matriz de todas as coisa, a força motriz que mantem a
tradição e a Fé do Cristão. A força da supremacia do bem sobre o mal, do Amor
sobre o ódio.
E
esse é sem sombra de duvidas, o maior dos sentidos e a mais forte lição
observada no sacrifício de Cristo.
Na
vida tudo é passageiro, tudo é efêmero, a matéria se esvaíra sobre a força do
tempo, tudo é fugaz.
Da
vida só se leva a vida que se lava.
E
justamente neste ponto, é que devemos passar a refletir sobre o que fazemos com
a nossa historia, sobre o que fazemos com as nossas vidas, sobre como chegamos
a nossas escolhas.
Hoje,
o ser humano passou a viver uma busca efêmera por satisfações momentâneas e
materiais, passamos a dar mais valor ao parecer ao invés de dar valor ao ser,
ou seja não é preciso ter caráter é preciso ter dinheiro.
Passamos
a criar uma sociedade onde os valores são amparados em cima daquilo que se
aparenta materialmente.
Vivemos
uma busca voraz pelo acumulo material, uma corrida insana pela satisfação
momentânea e com isso, vamos aos poucos, destruindo a essência que nos faz
humanos e solidários.
Hoje,
no feriado da Semana Santa, nós preocupamos mais com o feriado e menos com o
que motivou a sua realização.
Hoje
as coisas passam a perder o sentido de sua essência, passam a padecer de
conteúdo; os valores são destruídos de forma tão rápida e pueril que não nós
damos conta do que esta acontecendo.
Infelizmente
para a sociedade, a cada dia passa a ser mais e mais valorizado aquele individuo
que ostenta o que tem, que mostra o seu acumulo material de todas as formas.
Valorizamos
o safado corrupto que possui o carro da moda ou que se elege sob a miséria e a
falta de oportunidade de parte da sociedade.
Hoje
é aclamado aquele individuo se dá bem a todo e qualquer preço. Mesmo que para
isso use dos mais baixos subterfúgios para tal.
Mesmo
que a sua ascensão social, seja patrocinada pelo sofrimento de muitos que
passam a ser privados de serviços públicos básicos, mesmo que mães parturientes
ou crianças recém nascida não sejam assistidas de forma digna em sua terra natal.
Hoje
é ungido ao status de herói aquele que para crescer tem que pisar em cima dos
mais fracos, aquele que se mantem no topo as custas de mentira e da enganação,
aquele que por possuir aparato financeiro transpassa as brechas legais e se
mantem impune através de subterfúgios processuais gerados por um sistema legal
que só pune o ladrão de galinha.
Mas
tudo no universo tem sua força de ação e reação, e a medida que alguém tira
algo que não é seu, outrem sofre por não mais receber aquilo que dele foi tirado.
E assim a balança da sociedade vai se equilibrando, e aquele que hoje surrupia
verba da educação amanhã é vitima daquele que não teve a oportunidade de
ascender pelo trabalho e busca o crescimento através do crime.
E
impressionante, mas no nosso meio social isso passou a ser tão usual que caiu
na vala do casual e efêmero. Caiu no esgoto do torpe e passa e ser visto como
causa natural.
As
pessoas passam a buscar primeiro o seu pedaço, passaram a pensar em si de forma
exacerbada. E Isso chegou a tal ponto que o pensamento coletivo foi sendo posto
a segundo, terceiro e undécimo planos.
Assim
o sentimento dominante do individualismo e da necessidade de se dar bem a todo
custo passa a direcionar os caminhos
da sociedade que passa a absorver a sua essência e a sua moral. Sendo a
questão: o que eu ganho nisso? O elemento essencial que leva as pessoas a
escolherem seus caminhos e tomarem suas decisões.
Assistimos
inertes a ascensão da violência e da bestialidade, e passamos a conviver de
forma natural com algo que na essência não é natural.
Somos
envolvidos nessa logica e passamos a não nos importar com aquilo que não é
conosco. E nessa dança a cada dia centenas de vidas são ceifadas de forma estupida
e vil, assassinatos torpes se repetem, agressões ardis tornam-se constantes;
massificando uma violência estupida que teima em não recuar, e que não vai
recuar.
Neste
cenário, a mentira e a hipocrisia são as principais armas daqueles que teimam
em locupletar-se sobre a miséria aleia. Estes se fortalecem e ascendem na
estrutura de poder, e passam a dominar tendo o seu umbigo e o dos seus
familiares como o centro do universo.
Assim,
mais do que nunca é fundamental que passemos a refletir sobre as coisas em sua
essência.
Em
dias como esse, deveríamos por um pouco de nossa energia na construção de uma
sociedade mais justa e solidaria, mais humana e altruísta.
Vamos
pensar naquilo que nos faz diferentes dos seres bestiais. Naquilo que nós torna
melhores como pessoas.
E
isso não é difícil só precisamos refletir melhor no sentido das coisas e
deixemos de lado as coisas que padecem de sentido! Vamos fazer o Ser transpor o
parecer e assim seremos mais felizes.
Vamos
pelo menos por alguns instantes, tentar recuperar a doçura da infância e ver o
mundo com os olhos da inocência, e assim recompor um pouco da essência que nos
faz humanos e Cristão.
Feliz
Pascoa.
Category: Coluna Tárcio Pessoa
0 Comentários