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Coluna Thaíssa Vasconcelos

Cuité Pb online | 16:50 | 0 Comentários

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Como os homens fazem laço de parceria com as mulheres de hoje?
Por Thaíssa Vasconcelos

É comum ouvirmos as queixas femininas de que os homens não amam, assim como hoje se fez comum, dizer que as mulheres estão aparentemente também mais distantes da esfera do amor. Na verdade, os homens amam sim! Mas claro, amam de uma forma diferente das demandas de amor femininas. E as mulheres contemporâneas, não amam mais como a Julieta do “amor cortês”.
O amor é da ordem da falta. E diz Lacan que “amar é dar o que não se tem, para alguém que também não o é”, e o que se coloca sempre nessa relação, é a condição de sujeito faltoso. Um homem, quando ama está em falta, o que faz com que eles muitas vezes fujam da relação de amor.
Tínhamos, antes dos movimentos feministas, o amor cortês, onde havia por um lado um cavalheiro gentil, cheio de galanteios, cartas e declarações de amor, de outro, uma dama sempre inacessível. Romances impossíveis, surgindo a idéia de amor eterno (que pulsava no coração da feminilidade). A mulher era então compreendida enquanto frágil, não tendo também autoridade sobre seu corpo (os casamentos eram arranjados). O homem esperava para poder aproximar-se dessa dama (que nunca o era sem perigo), e esta aproximação era feita em etapas: primeiro um abraço, depois ela deixava beijar-se, enfim, por partes. Um romance, marcado pela impossibilidade, pelo perigo, pela espera. Marcando como já dito uma idéia de dama frágil e homem viril, corajoso.
Quando as mulheres começam a reinvidicar maiores espaços, na política, na educação, ganhou também a possibilidade de fazer suas escolhas amorosas. As mulheres questionaram a autoridade paterna, fazendo com que esta imago do pai caísse em declínio em nossa civilização.
É então, com o fortalecimento do feminismo, que esta mulher começa e se colocar como possível, e a partir de então, esse “lindo amor”, começou a desaparecer. Foi quando as mulheres começaram a falar em resposta ao apelo apaixonado de seu amante, que a desgraça começou a se abater sobre a virilidade dos homens, reduzindo suas promessas de amor eterno ao ridículo de meras falácias, instituindo o declínio do viril (Lêda Guimarães).
As mulheres que hoje são superpotentes, é “A profissional realizada”, “A politizada, culta,intelectual”, “A administradora do lar”, “A mãe psicopedagogizada”, “A malhadora diet”, “A amante liberada” (Lêda Guimarães). Para que as mulheres consigam sustentar essa série de potências, o amor começou a ser concebido para elas como uma patologia, já que o amor é da ordem da falta, e essas mulheres já não se colocam mais como seres eminentemente faltosos.
Então, como essas mulheres fazem existir o amor? Segundo Lêda Guimarães, seria através do homem do seu pensamento. Elas fazem existir o homem completo de seu pensamento para amá-lo. Do outro lado, Lêda questiona sobre esses homens que se sujeitam a essas mulheres que atacam sua virilidade, como eles conseguem suportá-las?
Diante dessas mulheres, que já trazem escrito na testa: “Não acredito mais no amor”, este homem,permanece como um soldado remanescente de uma guerra perdida. Um novo homem, que não desistiu dos anseios de ser amado por uma mulher, em lugar de proferir suas juras de amor, já que estas já não tem mais credibilidade, encontram como saída a via do semblante, do “faz de conta”, tentando se feminilizar e entregando-se às mulheres como seu novo “brinquedo” (posição até então tipicamente feminina, colocando-se enquanto objeto de desejo do Outro).
É esta então, a maneira que os homens tem encontrado para fazer laço de parceria com essas novas mulheres. Para tentar preservar o amor que aí venha a ser nutrido, ele de cara já se apresenta como castrado, destituído de qualquer potência fálica que ao menos lembre o machismo. Esses homens cultivam o declínio do viril, como modo de fazer apelo ao amor.

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