Coluna Thaíssa Vasconcelos
Psiquiatria, Psicoterapia e Psicanálise, o que são?

Quando você chega no psiquiatra, ele te dá remédio.
Quando você chega no psicólogo, ele te dá conselho.
Quando você chega no psicanalista, ele não te dá nada”
(Antonio Quinet, na aula de Teoria dos discursos de J. Lacan, 11-06-10)
É comum no meio popular, a dificuldade de se fazer a distinção entre psiquiatria, psicologia e psicanálise. Alguns acreditam inclusive, que esses três profissionais na verdade fazem a mesma coisa. Por outro lado, apropriando-me do que disse em entrevista o psicanalista paulista Jorge Forbes, a confusão aparece porque os três fazem coisas diferentes sob a mesma questão, que seriam os conflitos, sofrimentos e angústias humanas.
Colocar-me-ei então, em uma tentativa de esclarecer “quem é quem”, com intuito de até situar melhor onde se colocarão meus textos posteriores.
O psiquiatra é um médico, e trata o “psiquismo” das pessoas sob o ponto de vista da medicina do corpo biológico. Para este tratamento, o psiquiatra se utiliza de recursos que agem no cérebro do sujeito promovendo alterações, como é o caso dos recursos farmacológicos (os remédios), antigamente eram utilizados tratamentos físicos (choques e banhos, por exemplo), utilizando também recursos psicoterapêuticos através da fala do sujeito. Para Forbes, o psiquiatra procura através desses recursos citados, adequar o sujeito à norma. No caso do psiquiatra, o médico consegue reconhecer no cérebro alterações químicas, por exemplo, e procura reconstituir um estado “normal”.
Talvez onde as confusões se coloquem de forma mais intensa esteja entre o psicólogo e o psicanalista, já que, mesmo se tratando de coisas opostas, existem entre eles pontos em comum(o uso da linguagem, por exemplo)
O psicólogo fez o curso de Psicologia. Um curso relativamente novo, e que tem sua gênese na filosofia. De forma geral, age tentando compreender o comportamento humano. A psicoterapia por seu lado, de certa forma se compromete a restituir ao eu do sujeito a “saúde”, sob o olho de um outro (no caso o psicoterapeuta), que desempenha o papel de modelo. É trazido a uma psicoterapia uma demanda de cura, daquele “que sofre do seu corpo, ou do seu pensamento”. As psicoterapias são fundamentalmente sugestivas, direcionando a implantar no sujeito idéias, valores, sentido.
A Psicanálise é a clínica criada por Sigmund Freud, através de sua descoberta do inconsciente, que não se trata de um órgão, assim como é o cérebro. O psicanalista então se exime do desejo de curar, de fazer o bem, de compreender. Como diz Forbes, o psicanalista compromete a pessoa no seu sofrimento, diferente da medicina, que quase irresponsabiliza, e diz: isso que você tem é uma doença, e nós vamos tratar. O psicanalista questiona responsabilidade do sujeito no seu sofrimento. Ao contrário da demanda de cura da psicoterapia, a psicanálise leva o sujeito para além da queixa trazida, possibilitando-o a falar do seu sofrimento. É comum neste caso ouvir: “Cheguei aqui com um problema, agora tenho cinco”. O psicanalista questiona, implica o sujeito em sua queixa. Àquele que procura as respostas de seu sofrimento na psicanálise, não recebe respostas, mas lhe é garantida a palavra, para que este possa produzir o seu saber inconsciente.
Thaíssa Machado
Psicanálise
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