Coluna Alcides Martins
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BREGA E MATUTO COM MUITO ORGULHO
Por Alcides Martins
Você é "brega" legítimo
Ou de "bregueiro" se veste?
Porque para ser "bregueiro"
Tem que ser "Cabra da Peste".
Ser matuto e se orgulhar
E saber admirar
As coisas do meu Nordeste.
Eu sou um "bregueiro" autêntico
Nasci lá no Pé da Serra.
Sou poeta e cuiteense,
Sei onde o "cabrito berra".
Sou matuto e "beradeiro,"
Nordestino e brasileiro,
Um fruto da nossa terra.
Pra ser matuto é preciso
Ter a alma brasileira.
Plantar, limpar e colher
Trabalhar na "carvoeira".
Saber "bater" uma enxada
E ter passado uma noitada
Numa queimagem de "caieira".
O "cabra" pra ser matuto
Tem que ser "macho" e capaz
De enfrentar muitos perigos,
Seja menino ou rapaz;
Usar pente e vestir "linho"
E andar com um espelhinho
Com uma "nêga" pelada atrás.
Todo matuto é disposto
Pra cuidar de sua terra.
Mesmo que a seca castigue,
Não se maldiz e nem "berra".
Todo matuto é "bregueiro"
Admira um violeiro
E um forró "pé de serra".
Matuto come é "buchada"
Feita de uma "fussura";
Feijão "macassa" e farinha;
E fava com rapadura.
E pra ganhar uma morena
Ele vai uma novena
Com uma légua de "lonjura".
Só é matuto quem sabe
Dar um laço, fazer nó;
Caçar "peba", tirar abelha,
Já ter comido "mocó".
Ser um "cabra" de muito "arrojo";
Armar arapuca e "fôjo";
E pegar preá num "quixó".
Possuir um "pitisqueiro",
Guardar a roupa num malote;
Ter amansado touro brabo;
Saber ferrar um "garrote".
Ter ido uma "farinhada"
E arranjado uma namorada
Na raspagem do "capote".
O matuto é um bom vaqueiro
Amarra o boi com "embira"
Corre no mato fechado
Que até o "diabo" admira.
Volta pra casa aboiando
E o "pau da venta" sangrando
De jurema e macambira.
Só é matuto quem tem
Uma bicicleta enfeitada:
Um farol e uns três espelhos,
Uma flanela "encarnada",
Uma buzina vibrante
E um "bagageiro" possante
Pra "escorar" a namorada.
O matuto faz seu quintal
De "pendão" ou de "taquara".
Um curral de "pau a pique"
E uma cerca de vara.
É honesto e respeitador;
E sabe honrar com valor
Cada cabelo da cara.
Para toda "matutada"
O meu aperto de mão.
Se nos chamam de "bregueiros"
Somos sim, de coração.
Tenho muito orgulho disso.
Admiro o padre "Ciço"
E "Padim" Frei Damião."
( Alcides Martins de Medeiros. Cuité, 30 de julho de 2003)
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admiro muito, suas poesias Alcides vc è uma pessoa muito inteligente,e muito dedicado naquilo que vc faz.Esse foi um dom que Deus lhe deu.Parabens!
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